Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) em Mulheres: Compreendendo a Apresentação Leve
- Neuropsicológa Aline Vicente

- 25 de mar.
- 3 min de leitura

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é frequentemente associado a crianças e adolescentes, mas persiste na vida adulta, especialmente em mulheres, muitas vezes de forma sutil e subdiagnosticada. Em mulheres, o TDAH leve pode manifestar-se predominantemente com sintomas de desatenção, mascarados por estratégias de compensação ou atribuídos a "falta de organização". Este blog detalha os critérios diagnósticos, exemplos clínicos e abordagens baseadas em evidências, destacando a importância do reconhecimento precoce.
Critérios Diagnósticos do TDAH (DSM-5)
O DSM-5 classifica o TDAH em três tipos: predominantemente desatento, predominantemente hiperativo/impulsivo e combinado. Em mulheres adultas, a apresentação leve frequentemente se enquadra no tipo desatento, com sintomas que impactam funções cotidianas sem serem evidentes.
A. Padrão Persistente de Desatenção e/ou Hiperatividade-Impulsividade
Para o diagnóstico, os sintomas devem:
Persistir por pelo menos 6 meses.
Ser inconsistentes com o nível de desenvolvimento.
Interferir significativamente na vida social, acadêmica ou profissional.
Sintomas de Desatenção em Mulheres (Exemplos Práticos)
Erros por descuido:
Exemplo: Julia, 30 anos, comete erros frequentes em relatórios de trabalho, mesmo revisando.
Estudo: Mulheres com TDAH relatam maior frustração em tarefas detalhistas (Quinn & Madhoo, 2014).
Dificuldade em manter o foco:
Exemplo: Ana, 25 anos, distrai-se durante reuniões, perdendo informações-chave.
Parecer não escutar:
Exemplo: Mariana, 28 anos, é frequentemente questionada se "está ouvindo" durante conversas.
Não seguir instruções até o fim:
Exemplo: Carla, 35 anos, inicia projetos domésticos, mas raramente os conclui.
Dificuldade de organização:
Exemplo: Fernanda, 40 anos, acumula pilhas de documentos não organizados no home office.
Evitar tarefas que exigem esforço mental prolongado:
Exemplo: Larissa, 22 anos, procrastina estudos para concursos, mesmo sabendo da importância.
Perder objetos:
Exemplo: Beatriz, 29 anos, perde chaves e celular várias vezes na semana.
Distração por estímulos externos:
Exemplo: Rita, 33 anos, interrompe trabalho para checar redes sociais.
Esquecimento de atividades cotidianas:
Exemplo: Camila, 37 anos, esquece consultas médicas e pagamento de contas.
Hiperatividade e Impulsividade (Menos Comum, Mas Presente)
Em mulheres adultas, a hiperatividade pode manifestar-se como inquietude interna ou fala acelerada:
Exemplo: Patrícia, 30 anos, sente-se "sempre ligada" e interrompe colegas em conversas.
Estudo: A hiperatividade em mulheres adultas é menos visível, mas associada a ansiedade (Hinshaw et al., 2012).
Por Que o TDAH em Mulheres é Subdiagnosticado?
Estereótipos de gênero: Meninas são socializadas para serem "organizadas", mascarando sintomas.
Comorbidades: Sintomas são atribuídos a ansiedade ou depressão (Biederman et al., 2010).
Coping mechanisms: Listas excessivas, dependência de agendas ou cafeína para compensar.
Caso Clínico Ilustrativo (TDAH Leve)
Nome (fictício): Luísa, 32 anos, mãe e profissional de marketing.Sintomas:
Dificuldade em priorizar tarefas (ex.: atrasa entregas).
Esquecimento de reuniões escolares do filho.
Sensação de "não dar conta" apesar de esforço.Diagnóstico: Avaliação neuropsicológica confirmou TDAH tipo desatento, com histórico de sintomas desde a infância.Tratamento: Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e orientações para organização reduziram ansiedade em 60%.
Abordagens de Tratamento
Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC):
Foco em técnicas de planejamento e regulação emocional (Safren et al., 2010).
Medicação:
Estimulantes (ex.: metilfenidato) ou não estimulantes (ex.: atomoxetina) para melhorar atenção.
Adaptações Ambientais:
Uso de aplicativos de organização e divisão de tarefas em blocos.
Conclusão
O TDAH leve em mulheres é uma realidade que demanda atenção clínica. Se você se identificou com os exemplos ou vive em constante "modo sobrevivente", buscar avaliação especializada é o primeiro passo para transformar desafios em estratégias de crescimento.
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Dra. Aline Vicente Neuropsicóloga | CRP 1220020 📞 (47) 93240-0805 |
Referências Científicas
American Psychiatric Association. (2013). DSM-5: Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais.
Biederman, J. et al. (2010). "Adult ADHD in Women". Journal of Clinical Psychiatry.
Hinshaw, S. P. et al. (2012). "TDAH em Meninas: Desfechos na Vida Adulta". Developmental Psychology.
Quinn, P. O., & Madhoo, M. (2014). "TDAH em Mulheres: Uma Revisão". Journal of Attention Disorders.




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