Entenda as Diferenças Entre os Documentos Psicológicos
- Neuropsicológa Aline Vicente
- 6 de mar.
- 3 min de leitura

Olá, sou a Dra. Aline Vicente, neuropsicóloga, e hoje vou explicar de forma clara e detalhada as diferenças entre os principais documentos que produzimos no exercício profissional: laudo psicológico, relatório psicológico, parecer psicológico, declaração e atestado psicológico. Utilizarei como base a Resolução CFP nº 06/2019, que estabelece as regras para elaboração desses documentos. Vamos lá?
1. Laudo Psicológico
O que é? O laudo psicológico e/ou Laudo Psicológico de avaliação neuropsicológica é em documento técnico-científico, resultado de um processo de avaliação psicológica. Ele tem como objetivo subsidiar decisões em contextos específicos, como jurídicos, clínicos ou periciais. Por exemplo: avaliar aptidão para dirigir, capacidade cognitiva em processos judiciais ou diagnóstico de transtornos neuropsicológicos.
Características:
Estrutura obrigatória: Identificação, descrição da demanda, procedimentos utilizados, análise detalhada, conclusão (com diagnóstico, prognóstico ou recomendações) e referências bibliográficas.
Base científica: Utiliza métodos e instrumentos validados, como testes psicológicos e entrevistas estruturadas.
Quando usar?
Em perícias judiciais.
Para emissão de CNH (avaliação de aptidão psicológica).
Diagnóstico de condições como TDAH, demências ou disfunções cognitivas.
Diferencial: É o único documento que exige referências técnicas (ex.: manuais de testes) e está diretamente ligado a uma avaliação formal.
2. Relatório Psicológico
O que é? O relatório psicológico descreve a atuação profissional em contextos diversos, como acompanhamentos clínicos, encaminhamentos ou visitas domiciliares. Não envolve necessariamente uma avaliação psicológica, mas registra intervenções e observações.
Características:
Estrutura básica: Identificação, descrição da demanda, procedimentos adotados, análise contextualizada e conclusão com orientações.
Linguagem acessível: Destinado a profissionais de outras áreas ou ao próprio paciente.
Exemplos de uso: Relatar evolução de um paciente em terapia, subsidiar pedidos de aumento de sessões em planos de saúde ou documentar visitas em serviços sociais.
Quando usar?
Para informar escolas sobre adaptações necessárias a um aluno.
Encaminhar um paciente para neurologista ou psiquiatra.
Documentar intervenções em casos de violência doméstica.
Diferencial: Foca na narrativa do processo de trabalho, sem exigir diagnóstico ou uso de testes específicos.
3. Parecer Psicológico
O que é? O parecer psicológico é um pronunciamento técnico sobre uma questão específica ou análise crítica de outro documento psicológico. Não deriva de avaliação direta, mas de consultoria ou análise teórica.
Características:
Estrutura: Identificação, descrição da questão-problema, análise fundamentada em literatura científica e normas éticas, conclusão e referências.
Exemplo: Analisar a validade de um teste psicológico usado em um laudo contestado judicialmente.
Quando usar?
Para opinar sobre a metodologia de um relatório em processos judiciais.
Responder consultas de instituições sobre práticas psicológicas (ex.: "É ético usar o teste X em concursos públicos?").
Diferencial: É opinativo e crítico, exigindo expertise na área questionada.
4. Declaração
O que é? A declaração é um documento objetivo e sucinto que comprova fatos administrativos, como comparecimento a sessões ou horários de atendimento.
Características:
Conteúdo limitado: Não pode mencionar sintomas, diagnósticos ou estados psicológicos.
Estrutura simples: Título "Declaração", identificação do paciente, datas/horários dos atendimentos, assinatura e carimbo do profissional.
Quando usar?
Para justificar faltas no trabalho ou escola.
Comprovar frequência em tratamento psicológico para planos de saúde.
Diferencial: É o mais breve e direto, sem análise técnica.
5. Atestado Psicológico
O que é? O atestado psicológico certifica uma condição psicológica específica, resultante de avaliação. Por exemplo: atestar estresse incapacitante ou aptidão para manusear armas.
Características:
Base avaliativa: Exige processo formal de avaliação (entrevistas, testes).
Pode incluir CID: Em casos jurídicos, é comum usar códigos da Classificação Internacional de Doenças (ex.: CID-10 F43.1 para estresse pós-traumático).
Quando usar?
Para afastamento temporário do trabalho por burnout, entre outros.
Diferencial: Vinculado a um diagnóstico e a uma finalidade prática (ex.: jurídica ou trabalhista).
Principais Diferenças em Resumo
Documento | Finalidade | Base | Exige Avaliação? |
Laudo Psicológico | Subsidiar decisões técnicas/jurídicas | Processo avaliativo formal | Sim |
Relatório Psicológico | Descrever intervenções/observações | Atuação profissional | Não necessariamente |
Parecer Psicológico | Analisar questões técnicas/doutrinárias | Consultoria teórica | Não |
Declaração | Comprovar fatos administrativos | Registro de atendimentos | Não |
Atestado Psicológico | Certificar condições psicológicas | Avaliação específica | Sim |
Ler resolução: https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2019/09/Resolu%C3%A7%C3%A3o-CFP-n-06-2019-comentada.pdf
Por Que Essas Diferenças São Importantes?
A Resolução CFP nº 06/2019 reforça que cada documento tem um propósito ético e técnico. Usar o tipo errado pode violar direitos do paciente ou gerar interpretações equivocadas. Por exemplo:
Uma declaração não substitui um atestado para afastamento médico.
Um parecer não deve ser usado como laudo em processos judiciais.
Além disso, todos os documentos devem ser entregues em entrevista devolutiva, garantindo que o paciente compreenda seu conteúdo, e arquivados por no mínimo 5 anos.
Espero que este post tenha esclarecido suas dúvidas! Se precisar de orientação específica, estou à disposição.
Dra. Aline Vicente – Neuropsicóloga CRP 12/20020
Referência: Resolução CFP nº 06/2019.
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