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Entenda as Diferenças Entre os Documentos Psicológicos



Olá, sou a Dra. Aline Vicente, neuropsicóloga, e hoje vou explicar de forma clara e detalhada as diferenças entre os principais documentos que produzimos no exercício profissional: laudo psicológico, relatório psicológico, parecer psicológico, declaração e atestado psicológico. Utilizarei como base a Resolução CFP nº 06/2019, que estabelece as regras para elaboração desses documentos. Vamos lá?


1. Laudo Psicológico

O que é? O laudo psicológico e/ou Laudo Psicológico de avaliação neuropsicológica é em documento técnico-científico, resultado de um processo de avaliação psicológica. Ele tem como objetivo subsidiar decisões em contextos específicos, como jurídicos, clínicos ou periciais. Por exemplo: avaliar aptidão para dirigir, capacidade cognitiva em processos judiciais ou diagnóstico de transtornos neuropsicológicos.


Características:
  • Estrutura obrigatória: Identificação, descrição da demanda, procedimentos utilizados, análise detalhada, conclusão (com diagnóstico, prognóstico ou recomendações) e referências bibliográficas.

  • Base científica: Utiliza métodos e instrumentos validados, como testes psicológicos e entrevistas estruturadas.


Quando usar?
  • Em perícias judiciais.

  • Para emissão de CNH (avaliação de aptidão psicológica).

  • Diagnóstico de condições como TDAH, demências ou disfunções cognitivas.


Diferencial: É o único documento que exige referências técnicas (ex.: manuais de testes) e está diretamente ligado a uma avaliação formal.


2. Relatório Psicológico

O que é? O relatório psicológico descreve a atuação profissional em contextos diversos, como acompanhamentos clínicos, encaminhamentos ou visitas domiciliares. Não envolve necessariamente uma avaliação psicológica, mas registra intervenções e observações.


Características:
  • Estrutura básica: Identificação, descrição da demanda, procedimentos adotados, análise contextualizada e conclusão com orientações.

  • Linguagem acessível: Destinado a profissionais de outras áreas ou ao próprio paciente.

  • Exemplos de uso: Relatar evolução de um paciente em terapia, subsidiar pedidos de aumento de sessões em planos de saúde ou documentar visitas em serviços sociais.


Quando usar?
  • Para informar escolas sobre adaptações necessárias a um aluno.

  • Encaminhar um paciente para neurologista ou psiquiatra.

  • Documentar intervenções em casos de violência doméstica.


Diferencial: Foca na narrativa do processo de trabalho, sem exigir diagnóstico ou uso de testes específicos.


3. Parecer Psicológico

O que é? O parecer psicológico é um pronunciamento técnico sobre uma questão específica ou análise crítica de outro documento psicológico. Não deriva de avaliação direta, mas de consultoria ou análise teórica.


Características:
  • Estrutura: Identificação, descrição da questão-problema, análise fundamentada em literatura científica e normas éticas, conclusão e referências.

  • Exemplo: Analisar a validade de um teste psicológico usado em um laudo contestado judicialmente.


Quando usar?
  • Para opinar sobre a metodologia de um relatório em processos judiciais.

  • Responder consultas de instituições sobre práticas psicológicas (ex.: "É ético usar o teste X em concursos públicos?").


Diferencial: É opinativo e crítico, exigindo expertise na área questionada.


4. Declaração

O que é? A declaração é um documento objetivo e sucinto que comprova fatos administrativos, como comparecimento a sessões ou horários de atendimento.


Características:
  • Conteúdo limitado: Não pode mencionar sintomas, diagnósticos ou estados psicológicos.

  • Estrutura simples: Título "Declaração", identificação do paciente, datas/horários dos atendimentos, assinatura e carimbo do profissional.

Quando usar?
  • Para justificar faltas no trabalho ou escola.

  • Comprovar frequência em tratamento psicológico para planos de saúde.


Diferencial: É o mais breve e direto, sem análise técnica.


5. Atestado Psicológico

O que é? O atestado psicológico certifica uma condição psicológica específica, resultante de avaliação. Por exemplo: atestar estresse incapacitante ou aptidão para manusear armas.


Características:
  • Base avaliativa: Exige processo formal de avaliação (entrevistas, testes).

  • Pode incluir CID: Em casos jurídicos, é comum usar códigos da Classificação Internacional de Doenças (ex.: CID-10 F43.1 para estresse pós-traumático).



Quando usar?
  • Para afastamento temporário do trabalho por burnout, entre outros.


Diferencial: Vinculado a um diagnóstico e a uma finalidade prática (ex.: jurídica ou trabalhista).


Principais Diferenças em Resumo

Documento

Finalidade

Base

Exige Avaliação?

Laudo Psicológico

Subsidiar decisões técnicas/jurídicas

Processo avaliativo formal

Sim

Relatório Psicológico

Descrever intervenções/observações

Atuação profissional

Não necessariamente

Parecer Psicológico

Analisar questões técnicas/doutrinárias

Consultoria teórica

Não

Declaração

Comprovar fatos administrativos

Registro de atendimentos

Não

Atestado Psicológico

Certificar condições psicológicas

Avaliação específica

Sim


Por Que Essas Diferenças São Importantes?

A Resolução CFP nº 06/2019 reforça que cada documento tem um propósito ético e técnico. Usar o tipo errado pode violar direitos do paciente ou gerar interpretações equivocadas. Por exemplo:


  • Uma declaração não substitui um atestado para afastamento médico.

  • Um parecer não deve ser usado como laudo em processos judiciais.


Além disso, todos os documentos devem ser entregues em entrevista devolutiva, garantindo que o paciente compreenda seu conteúdo, e arquivados por no mínimo 5 anos.


Espero que este post tenha esclarecido suas dúvidas! Se precisar de orientação específica, estou à disposição.


Dra. Aline Vicente – Neuropsicóloga CRP 12/20020


Referência: Resolução CFP nº 06/2019.

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