Autismo Feminino: Entendendo Meltdowns, Shutdowns e a Máscara da Camuflagem
- Neuropsicológa Aline Vicente
- 3 de mar.
- 3 min de leitura

Olá! Sou Aline Vicente, neuropsicóloga especializada em Transtorno do Espectro Autista (TEA), e hoje quero conversar sobre um tema que ainda é pouco compreendido, mas urgente: as particularidades do autismo em mulheres e meninas. Recentemente, compartilhei no Instagram alguns insights sobre esse assunto, e recebi muitas perguntas. Vamos aprofundar aqui!
"Por que tantas mulheres autistas passam despercebidas?"
O autismo não tem um único rosto. Enquanto os meninos costumam apresentar comportamentos mais estereotipados (como hiperfoco em temas específicos ou dificuldades sociais evidentes), as mulheres e meninas no espectro desenvolvem estratégias de camuflagem para se adaptar ao mundo neurotípico. Isso faz com que muitas só recebam o diagnóstico na vida adulta, após anos de sofrimento silencioso.
Exemplo prático: Imagine uma menina que, desde cedo, observa os colegas para imitar gestos, tom de voz e interesses. Ela aprende a sorrir quando não entende uma piada, a esconder seu desconforto com barulhos altos e a forçar contato visual. Por fora, parece "tímida" ou "muito sensível". Por dentro, a exaustão é constante.
Meltdown vs. Shutdown: As Crises que Ninguém Vê
Quando a sobrecarga sensorial ou emocional atinge o limite, mulheres autistas podem vivenciar dois tipos de respostas:
Meltdown (Colapso):
O que é: Uma explosão de emoções intensas, como choro, gritos ou agitação física.
Por que acontece: É um grito de socorro do corpo, que não consegue mais processar estímulos (ex.: luzes fortes, mudanças na rotina, pressão social).
Exemplo: Uma adolescente que, após um dia cheio de interações na escola, tem uma crise de ansiedade ao chegar em casa, jogando objetos no chão ou se batendo.
Shutdown (Desligamento):
O que é: Um "apagamento" interno. A pessoa fica imóvel, sem reagir a estímulos, como se estivesse em modo de espera.
Por que acontece: É uma forma de proteção quando o meltdown parece perigoso ou socialmente inaceitável.
Exemplo: Uma mulher que, após uma reunião de trabalho exaustiva, se senta no carro e fica completamente silenciosa, incapaz de falar ou dirigir por horas.
Camuflagem: A Máscara que Cansa
A camuflagem (ou masking) é a habilidade de esconder traços autistas para se encaixar em ambientes neurotípicos. Embora pareça "funcional", ela tem um custo alto:
Exaustão crônica: Manter a máscara requer energia constante.
Perda de identidade: Muitas mulheres relatam não saber quem são sem a camuflagem.
Risco de burnout: É comum desenvolverem ansiedade, depressão ou síndrome de burnout após anos de adaptação forçada.
Exemplo prático:Uma adulta que trabalha em um escritório barulhento usa fones de ouvido discretos para bloquear sons, pratica roteiros mentais antes de falar em reuniões e sorri mesmo quando está desconfortável. Ao final do dia, chega em casa e "desliga", sem conseguir interagir com a família.
Como as Mulheres Chegam à Avaliação Neuropsicológica?
Muitas pacientes me procuram após anos de tentativas frustradas de diagnóstico. Os sinais que as trazem ao consultório incluem:
Histórico de "diagnósticos errados":
Já foram tratadas como ansiosas, depressivas ou borderline, mas os sintomas persistem.
Dificuldades em relacionamentos:
Sentem que não entendem "regras sociais implícitas" ou se esgotam em interações grupais.
Sensibilidade sensorial:
Relatam aversão a tecidos, sons específicos ou necessidade de rotinas rígidas.
Crises recorrentes:
Meltdowns ou shutdowns frequentes, especialmente após situações socialmente exigentes.
Exemplo de caso: Uma jovem de 28 anos veio à clínica após um colapso no trabalho. Ela descreveu: "Sempre fui a ‘estranha’ que preferia ler a ir a festas. Achavam que era timidez, mas eu me sentia perdida. Quando meu chefe mudou meu horário sem aviso, entrei em pânico e precisei ser levada para casa".
A Importância de uma Avaliação Especializada
Avaliar mulheres autistas exige sensibilidade e conhecimento das particularidades femininas. Na Psicovivendo, utilizamos:
Entrevistas detalhadas: Abordamos históricos de camuflagem, interesses restritos e experiências sensoriais.
Testes adaptados: Instrumentos como o SRS2 ajudam a identificar traços mascarados.
Observação contextual: Compreendemos como a pessoa se comporta em ambientes seguros versus situações sociais.
Para Finalizar: Um Convite à Aceitação
Se você se identificou com este texto, saiba que não está sozinha. O autismo feminino é real, e buscar um diagnóstico não é um rótulo, mas um caminho para:
Autoconhecimento: Entender suas necessidades e limites.
Apoio adequado: Ter acesso a terapias que respeitem sua neurodivergência.
Comunidade: Conectar-se com outras mulheres que compartilham experiências similares.
Estou aqui para ajudá-la a tirar a máscara e encontrar estratégias que valorizem quem você é sem julgamentos.
Agende sua avaliação:📞 (47) 3240-0805 | 📍 Rua Francisco Machado, 94, Penha/SC
Compartilhe este post: Se este conteúdo ressoou com você, ajude outras mulheres a se reconhecerem. Às vezes, um simples texto pode ser o primeiro passo para uma vida mais autêntica. 💜
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Dra. Aline Vicente Neuropsicóloga | Especialista em TEA e Neurodesenvolvimento
Clínica Psicovivendo: Cuidando da Mente, Transformando Vidas.
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