Qual Laudo Devo Apresentar para Solicitar o CIPTEA? Entenda as Exigências e a Importância do Diagnóstico Preciso
- Neuropsicológa Aline Vicente
- 5 de mar.
- 4 min de leitura
Por Dra. Aline Vicente – Neuropsicóloga Clínica

A solicitação do CIPTEA (Certificado de Identificação de Pessoa com Transtorno do Espectro Autista) gera muitas dúvidas, especialmente sobre qual tipo de laudo é válido para comprovar o diagnóstico. Neste texto, esclarecemos as exigências burocráticas, explicamos a diferença entre laudos médicos e neuropsicológicos e reforçamos a importância de um diagnóstico preciso, baseado em evidências científicas e avaliação clínica qualificada.
O Que é o CIPTEA?
O CIPTEA é um documento que garante direitos e acesso a políticas públicas para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), conforme a Lei Berenice Piana (Lei nº 12.764/2012). Para obtê-lo, é necessário apresentar um laudo que ateste o diagnóstico de TEA, seguindo os critérios do CID-10 (F84.0) ou CID-11 (6A02).
Qual Laudo é Exigido para o CIPTEA?
Conforme as exigências do setor responsável pela emissão do CIPTEA, o laudo aceito é o laudo médico, emitido por um profissional com CRM (Conselho Regional de Medicina). É importante destacar dois pontos:
NÃO é obrigatório que o médico seja especialista em psiquiatria ou neurologia (ou possua RQE – Registro de Qualificação de Especialista).
Essa exigência é burocrática, ou seja, não valida a qualidade do diagnóstico, apenas cumpre um requisito administrativo.
Isso significa que o laudo médico, mesmo sem RQE, é suficiente para solicitar o CIPTEA.
Porém, a ausência de especialização pode aumentar o risco de erros diagnósticos, como veremos adiante.
O Laudo Neuropsicológico Também é Válido?
Sim! O laudo neuropsicológico, emitido por um neuropsicólogo com CRP (Conselho Regional de Psicologia), é amparado por lei para fechamento diagnóstico e uso do CID. De acordo com:
Resolução CFP nº 002/2003, que regulamenta a avaliação psicológica.
Lei nº 13.438/2017, que prevê a avaliação neuropsicológica no contexto do desenvolvimento infantil.
Além disso, o neuropsicólogo é capacitado para realizar avaliações detalhadas do funcionamento cognitivo, emocional e comportamental, fundamentais para diferenciar o TEA de outros transtornos (ex.: TDAH, deficiência intelectual).
Por Que um Laudo Neuropsicológico Pode Ser Mais Confiável?
Um diagnóstico seguro depende de:
Avaliação multidimensional: testes padronizados, entrevistas, observação clínica e análise do histórico de vida.
Raciocínio clínico atualizado: conhecimento sobre critérios diagnósticos atualizados (ex.: DSM-5, CID-11).
Isenção de vieses: o neuropsicólogo não está vinculado a prescrição de medicamentos, focando apenas no entendimento do funcionamento do paciente.
Exemplo prático: Recentemente, atendi um paciente cujo pai foi diagnosticado erroneamente com um transtorno de humor e tratado por anos com medicamentos inadequados. Ele não melhorava e apresentava efeitos colaterais graves, como embotamento emocional. Após uma avaliação neuropsicológica e encaminhamento a uma especialista em São Paulo, descobriu-se que o diagnóstico correto era Demência por Corpos de Lewy (LBD). Com a medicação ajustada, o paciente recuperou parte da autonomia, voltou a interagir com a família e até pediu sua comida favorita. Esse caso reforça como um diagnóstico impreciso pode ter consequências devastadoras.
Laudo Médico x Laudo Neuropsicológico: Quando Usar Cada Um?
Laudo médico (CRM):
É a opção mais rápida se você busca cumprir a exigência burocrática para o CIPTEA entre outros.
Ideal para casos em que já há um diagnóstico consolidado por um especialista (ex.: psiquiatra infantil).
Laudo neuropsicológico (CRP):
Recomendado quando há dúvidas sobre o diagnóstico ou suspeita de comorbidades (ex.: TEA + TDAH).
Fornece um mapa detalhado das habilidades e desafios do paciente, guiando intervenções personalizadas.
A Neuropsicologia e o Diagnóstico de TEA: Por Que os Médicos Encaminham?
Médicos especialistas (neurologistas, psiquiatras, pediatras) frequentemente encaminham pacientes para avaliação neuropsicológica antes de eles fecharem um diagnóstico porque:
Avaliações neuropsicológicas identificam subtipos e gravidade do TEA (ex.: nível de suporte necessário).
Detectam condições associadas, como dificuldades de aprendizagem ou problemas sensoriais.
Fornecem dados objetivos para embasar decisões terapêuticas e educacionais.
O Que Devo Priorizar: Burocracia ou Segurança no Diagnóstico?
A resposta depende do seu objetivo:
Se você precisa do laudo para garantir direitos imediatos (ex.: solicitar CIPTEA, REDUÇÃO DO IPVA, DESCONTO DE PASSAGEM ENTRE OUTROS), o laudo médico é o solicitado e atende a demanda.
Se você busca certeza diagnóstica e um plano de intervenção eficaz, invista em uma avaliação neuropsicológica.
Após a avaliação neuropsicológica, você pode apresentar o laudo ao médico, que usará as informações para complementar seu diagnóstico e, se necessário, ajustar tratamentos.
Conclusão: Diagnóstico é Ciência, Não Burocracia
O caso do paciente com Demência por Corpos de Lewy ilustra como diagnósticos equivocados podem levar a tratamentos inadequados e piora da qualidade de vida. Por isso, a escolha do profissional é crucial: busque quem domine avaliação clínica, atualize-se cientificamente e priorize o seu funcionamento global, não apenas um "rótulo".
Na dúvida, pergunte-se:
"Estou buscando apenas um documento?"
Ou quero entender profundamente minhas (ou do meu familiar) necessidades?
O que os médicos especialistas reconhecidos na área dizem sobre a avaliação neuropsicológica?
Dr. Thiago Castro - CRM/PR 42029 RQE 25362
Dra Rita Jorge CRP SP 88.994 RQE 26.859
Referências Técnicas:
Lei nº 12.764/2012 (Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com TEA).
Resolução CFP nº 002/2003 (Avaliação Psicológica).
American Psychiatric Association (2013). DSM-5: Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais.
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