Como Iniciar uma Avaliação Neuropsicológica? Um Guia Prático para Não Se Perder no Processo
- Neuropsicológa Aline Vicente
- 29 de abr.
- 3 min de leitura
Atualizado: 26 de ago.
Olá, sou Aline Vicente, neuropsicóloga, e hoje quero conversar com você que está pensando em iniciar uma avaliação neuropsicológica, mas ainda tem dúvidas sobre como começar, o que esperar e como garantir que o processo seja feito com ética e qualidade. Já atendi centenas de pessoas e sei que, sem orientação, esse caminho pode parecer confuso. Por isso, reuni dicas essenciais para você se preparar e evitar frustrações. Vamos lá?
1. Conheça o Profissional Antes de Confiar o Seu Processo
A primeira coisa que digo aos meus pacientes é: não escolha um profissional só pelo título ou currículo. Hoje em dia, qualquer pessoa pode se autointitular “especialista”, mas a neuropsicologia exige formação sólida, experiência clínica e respeito às normas do Conselho Federal de Psicologia (CFP).
Pergunte diretamente:
“Como você estrutura o processo de avaliação?”
“Quais instrumentos (testes) você utiliza e por quê?”
“Você segue as diretrizes do CFP para elaboração de documentos?”
Se possível, peça para ver um modelo de relatório (com dados fictícios, é claro!). Um laudo neuropsicológico bem feito precisa ser claro, detalhado e embasado em evidências, não em opiniões pessoais. Se o profissional se recusar a explicar ou mostrar como trabalha, desconfie.
2. Fale TUDO (Mas TUDO Mesmo!) para o Neuropsicólogo
Um erro comum é achar que o neuropsicólogo vai “adivinhar” suas dificuldades só aplicando testes. Nós precisamos da sua história! Quanto mais você compartilhar, mais preciso será o processo.
Minha dica prática:
Crie um documento no Google Drive ou bloco de notas com:
Situações do dia a dia que geram prejuízos (ex.: esquecer compromissos, dificuldade para focar no trabalho).
Histórico de saúde (lesões, cirurgias, doenças crônicas).
Eventos marcantes (traumas, mudanças abruptas de humor).
Fotos ou vídeos antigos que mostrem comportamentos relevantes (ex.: uma foto de infância onde você está isolado em um canto, vídeos atuais com dificuldades de interação).
Por que isso importa? Uma avaliação neuropsicológica não é só sobre “testes”, mas sobre contexto. Se você tem suspeita de TDAH, por exemplo, relatar que desde criança perdia materiais escolares ajuda a fechar o quebra-cabeça.
3. Reúna Documentos Como Se Fosse um Detetive
Nada substitui dados concretos. Traga:
Exames médicos recentes: ressonância magnética, tomografia, até exames de sangue (vitamina B12, D e hormônios tireoidianos influenciam cognição!). (Se tiver)
Histórico acadêmico: boletins escolares, relatórios de professores, especialmente se houver suspeita de transtorno de aprendizagem ou altas habilidades.
Laudos anteriores: se já fez avaliação com psicólogo, psiquiatra ou neurologista, traga!
Um exemplo real: Recentemente, um paciente trouxe um exame de sangue mostrando deficiência grave de vitamina D. Isso explicava parte de sua fadiga e lentidão cognitiva, que antes eram atribuídas apenas a depressão.
4. Pesquise Como um Processo Sério Deve Ser
Infelizmente, ainda vejo profissionais que fazem avaliações em 2 a 4 sessões, sem entrevista familiar ou análise documental.
No meu blog, explico que um processo adequado inclui:
Entrevista inicial detalhada (1 a 5 consultas).
Aplicação de testes validados para as suas queixas.
Entrevista com familiares ou pessoas próximas (ninguém conhece você melhor do que quem convive diariamente).
Devolutiva clara, com explicação dos resultados e orientações práticas.
Dica crucial: Se o profissional não quiser ouvir seus familiares ou disser que “não precisa”, questione. A escuta ativa é obrigatória!
5. Seja Curioso e Não Aceite “Miguelinhos”
Já ouvi pacientes dizerem: “Ah, mas ele é doutor, deve saber o que faz”. Título não garante competência. Faça perguntas:
“Você já trabalhou com casos como o meu?”
“Como você diferencia, por exemplo, ansiedade de TDAH?”
“Posso entrar em contato em caso de dúvidas após a entrega do laudo?”
Se o profissional se irritar ou evitar respostas, é um sinal vermelho. Você tem direito de entender cada etapa!
Por Que Tudo Isso Importa?
Uma avaliação mal feita pode levar a diagnósticos errados, tratamentos inadequados e sofrimento prolongado. Já atendi pessoas que gastaram rios de dinheiro em reavaliações porque, na primeira vez, não se informaram.
Não seja mais uma estatística. Exija qualidade, transparência e humanização. Sua saúde cognitiva e emocional merecem respeito.
Se quiser se aprofundar, aqui no blog tem um post completo explicando O que é uma Avaliação Neuropsicológica
E lembre-se: avaliação neuropsicológica não é um fim, é um começo. Você está investindo em autoconhecimento para transformar sua vida. Faça valer a pena!
Com carinho,
Aline VicenteNeuropsicóloga | CRP 12/20020
P.S.: Ficou com dúvidas? Deixe um comentário ou me envie uma mensagem. Estou aqui para ajudar! 🌻