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Alterações Sensoriais no TDAH: O Que Precisamos Saber?

Atualizado: 11 de fev.



Como neuropsicóloga, ao longo dos anos tenho acompanhado muitos pacientes diagnosticados com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e percebo que uma das áreas menos discutidas mas de grande impacto na qualidade de vida são as alterações sensoriais presentes nesse transtorno. Essas sensibilidades podem se manifestar de várias formas, desde a hipersensibilidade a estímulos externos como luz, sons e texturas, até dificuldades nas habilidades sociais. O desafio se torna ainda maior quando essas características se sobrepõem a sintomas do Transtorno do Espectro Autista (TEA), tornando o diagnóstico diferencial um processo complexo e essencial.


Sensibilidades Sensoriais no TDAH

Embora o TDAH seja classicamente caracterizado por sintomas como desatenção, hiperatividade e impulsividade, muitos indivíduos também apresentam dificuldades na regulação sensorial. Estudos recentes em neurociência demonstram que o cérebro de pessoas com TDAH pode responder de maneira diferente a estímulos sensoriais, sendo mais ou menos reativo em comparação a indivíduos neurotípicos.


Os sintomas sensoriais mais comuns no TDAH incluem:
  • Sensibilidade à luz: desconforto excessivo em ambientes muito iluminados, dificuldades com luzes fluorescentes ou reflexos.

  • Intolerância a sons: incômodo com barulhos repetitivos, dificuldade de concentração em ambientes ruidosos.

  • Reações a texturas e roupas: irritabilidade com etiquetas, tecidos específicos ou sensação de “desconforto” constante com vestimentas.

  • Hipersensibilidade ao toque: incômodo excessivo com toques leves ou inesperados, evitando contato físico em algumas situações.

  • Dificuldades em habilidades sociais: por conta da hipersensibilidade sensorial e dificuldade na filtragem de estímulos, interações sociais podem ser desafiadoras, levando a mal-entendidos e isolamento.


TDAH x TEA: Onde Estão as Diferenças?

Dado que algumas das alterações sensoriais também são características do TEA, é comum que o diagnóstico do TDAH possa ser confundido com o autismo, especialmente em crianças. Ambos os transtornos compartilham desafios relacionados à autorregulação e à percepção sensorial, mas existem diferenças fundamentais que ajudam a distingui-los:

Característica

TDAH

TEA

Sensibilidade sensorial

Presente, mas variável e intermitente

Mais intensa e generalizada

Foco de interesse

Alternância frequente de interesses

Interesses fixos e restritos

Habilidades sociais

Dificuldade em manter atenção e impulsividade nas interações

Dificuldade na compreensão e expressão de sinais sociais

Comunicação verbal

Normal ou levemente afetada

Alterações mais significativas, podendo incluir ecolalia ou mutismo seletivo

Comportamentos repetitivos

Movimentos inquietos e impulsivos

Estereotipias mais estruturadas e repetitivas

Cuidados no Diagnóstico Diferencial

O diagnóstico do TDAH e sua diferenciação do TEA requerem uma avaliação detalhada, levando em consideração aspectos do comportamento, cognição e regulação emocional do indivíduo. A avaliação neuropsicológica é essencial nesse processo, pois permite compreender melhor os padrões de funcionamento cognitivo e emocional do paciente.


Além disso, é importante considerar:
  • O histórico clínico detalhado, com relatos de pais, professores e cuidadores.

  • Aplicação de escalas padronizadas e questionários que avaliam sintomas específicos de cada transtorno.

  • Observação clínica e análise funcional do comportamento em diferentes contextos.

  • Exclusão de outras condições que possam imitar sintomas de TDAH ou TEA, como transtornos de ansiedade, dificuldades de aprendizagem e questões sensoriais isoladas.


Conclusão

As alterações sensoriais no TDAH podem impactar significativamente a rotina e a qualidade de vida de quem convive com esse transtorno. Ainda que algumas características sejam semelhantes ao TEA, a diferenciação entre os dois exige um olhar clínico atento e fundamentado em diretrizes diagnósticas como o DSM-5-TR e pesquisas recentes em neurociência.


Se você ou alguém próximo apresenta sinais de sensibilidade sensorial associada a dificuldades atencionais e comportamentais, buscar uma avaliação especializada é o primeiro passo para compreender melhor as necessidades individuais e traçar estratégias eficazes de manejo e tratamento.


Caso tenha dúvidas ou queira saber mais, entre em contato comigo. Juntos, podemos encontrar caminhos para melhorar a qualidade de vida de quem convive com essas condições!

 
 
 

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